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Eficácia as Novas Tecnologias na Construção Civil

Nas últimas três décadas, a engenharia teve um patamar elevado. Graças ao advento da informática, o crescimento é exponencial. Todas as áreas foram beneficiadas. Projetos; gestão; execução; manutenção, e assim por diante. Nos dias de hoje, é impossível estar alheio e desconectado. Com a disseminação da tecnologia em nosso cotidiano, para citar um exemplo: (até uma geladeira já tem tela touchscreen na porta). Em resumo: Ninguém mais tem medo de se embrenhar neste mundo digital.

 

Então, como aproveitar com eficácia as novas tecnologias?

A rotina de engenheiros, arquitetos, construtores, incorporadores, e até empreiteiros, envolve a resolução dos mais variados problemas, e não há mais quem conteste que esta rotina é muito mais facilitada através do uso da tecnologia e da internet.

Pelo menos dois temores afetaram os profissionais da nossa área nos primórdios da informática. Um desses medos gerados, fazia com que os  profissionais relutassem em migrar para os novos sistemas tecnológicos. Pois, havia a necessidade de capacitação plena, e esta capacitação consistia de uma fase preparatória, composta de cursos presenciais, estudos dos manuais operacionais, e validação dos resultados comparando com os sistemas “analógicos”.

Outro medo dos profissionais de engenharia, gerava cautela. Palavra que de acordo com o dicionário, significa: precaução para evitar dano/transtorno/perigo; cuidado; prudência. Imbuído na cautela, a maioria dos profissionais que desbravaram as tecnologias eram experientes, ou seja, capazes de interpretar resultados e identificar uma possível falha gerada pelo então famigerado computador.

Traçando um paralelo com a atualidade, temos bastante o que comemorar. Em especial três fatores: o aumento da capacidade de processamento dos hardwares; a redução dos custos das tecnologias; e o aumento da acessibilidade à população.

O outro lado desta atual moeda tecnológica é a disseminação de dados imprecisos, incompletos, incoerentes, e até impossíveis; por uma parcela de usuários desprovidos justamente de capacitação e cautela! É preciso reconhecer que o simples acesso a softwares sofisticados, não torna o usuário mais experiente no ramo. Tão pouco, capaz de interpretar resultados complexos.

Hoje vivemos a era do B.I.M. (Building Information Modeling). Ferramenta que auxilia todos os elos da cadeia da construção civil, desde o projetista até o usuário final. Passando pelo orçamentista, comprador, fornecedor, empreiteiro, e assim por diante. Um grande avanço para o nosso setor, que indiscutivelmente, veio para estabelecer novos parâmetros, contribuindo evolutivamente para a melhoria contínua do profissional.

Percebe-se, no entanto, que o mercado, por vezes não está sabendo valorizar corretamente esta fantástica ferramenta. Há duas vertentes mercadológicas, oriundas de lados opostos, que formam este subaproveitamento da tecnologia B.I.M., que são:

a) Empresas contratantes que visam utilizar o B.I.M. apenas como marketing, não dando o valor devido ao processo, relegando a função para estagiários ou profissionais sem a capacitação e experiência necessária para avaliar todas as intervenientes e propor as devidas ações.

b) Empresas “especializadas” em B.I.M., as quais são na verdade compostas de operadores de sistemas computacionais, novamente sem a capacitação e experiência necessárias para interpretar os resultados, gerando dados bonitos de serem visualizados em 3D, mas completamente incoerentes com a realidade. A pior situação é quando uma empresa do tipo “a” contrata uma empresa do tipo “b”! Essa relação pode gerar centenas de horas trabalhadas, intermináveis reuniões entre projetistas, dúzias de revisões, até que se entregue uma versão final de algo que na realidade não contribuiu em nada no empreendimento.

Logicamente estou relatando o extremo negativo, mas vamos concordar que utilizar a tecnologia B.I.M. para descobrir que uma tomada está posicionada onde há uma esquadria, é similar a caçar baratas com um tanque de guerra! Não há mérito em utilizar o B.I.M. caso a conclusão seja semelhante a ironia acima, se isto ocorrer, o que existe é apenas falta de controle do profissional responsável por contratar os projetos complementares, pois ele deve determinar os parâmetros para a elaboração do projeto e também conferir assim que esse mesmo projeto lhe é entregue.

Quando há pelo menos em um dos casos (“a” ou “b”), profissional capacitado e experiente, a tecnologia B.I.M. será muito mais aproveitada, trazendo reais benefícios para os envolvidos. Sendo a situação ideal quando a relação é composta de profissionais capacitados e experientes nos dois lados da equação, contratante e contratado, proprietário e projetista, ou qualquer que seja a relação entre eles.

Dessa forma, quem deseja migrar para a tecnologia B.I.M. deve considerar que:

  • Simplesmente “baixar” um software não é a mesma coisa que se habilitar nesta vasta área;
  • Caso não tenha a experiência necessária, deverá ter a humildade de consultar outros profissionais;

  • Deverá manter-se em nível constante de aprendizado, através de leitura técnica, cursos, pós- graduações.

No Brasil, podemos até temer que caso o mercado B.I.M. seja invadido por profissionais não capacitados e desprovidos da experiência necessária, isso ocasionará certo descrédito nesta fantástica tecnologia, motivado pela ineficácia do uso em tal condição.

Não podemos deixar que isto aconteça! Temos que valorizar os bons profissionais, oferecer condições aos demais para que se capacitem de forma adequada, compartilhar as experiências bem-sucedidas, e buscar sempre conhecimentos em fontes fidedignas.

 

Sobre o autor:
Engenheiro Civil – Rafael Antonio Vieira
Blumenau, Julho de 2019.

 

 

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